16.3.10

Livro no Twitter !!

O livro Zero de Ignácio de Loyola Brandão comemora em 2010 35 anos de seu lançamento no Brasil (saiu antes na Itália em 1974). É um dos livros mais importantes da literatura moderna brasileira pela linguagem radicalmente ousada e pela seu conteúdo político contestatório e acima de datações, o que faz a obra ser atual até os dias de hoje.

Mas o fato é que uma trupe de sei lá, talvez piratas da literatura, irá ousar algo inusitado: irão reescrever toda a obra no Twitter, dando contornos de 140 caracteres aos fragmentos criados por Loyola. Com certeza nascerá um novo livro.

Um marco na cultura digital. O que isso irá produzir? Que história irá nascer? Qual transformação ocorrerá e que relação a obra estabelecerá com novos leitores? Tudo muito interessante...

E quem quiser acompanhar é só seguir os posts da trupe em www.twitter.com/Z_ER_O_O

10.3.10

Movimento Marina Silva Presidente

Se o Love Story é a Casa de Todas as Casas, o Café Ekoa é a casa de todas as ongs. Quer encontrar alguém que trabalha com terceiro setor, sustentabilidade, aprendizagem e afins é só passar lá. O lugar é bacana e foi escolhido para o primeiro encontro do Movimento Marina Silva Presidente. E eu estava lá.

Sentado e olhando para a roda de 15 ou 20 pessoas que ali se reuniam eu me lembrei de uma cerveja bem gelada que tomei em Silves, uma ilha do Rio Amazonas, com Ana Euler (a mulher que mais entende de Amazônia que eu conheço), um engenheiro florestal e dois lideres comunitários. Como qualquer boa cerveja a conversa navegou por muitos lugares. O início foi sobre a insanidade minha e de Ana de ter nadado na Ilha dos Pássaros naquela tarde, rodeados por um boto, lugar que era, na ótica do nativo, um criatório de piranhas. Mas estávamos bem vivos e o assunto alcançou logo Marina Silva. E foi incrível o que se produziu, o apoio que ela ganhou ali naquele boteco. Depois das declarações de "te considero pra caramba", coisa que muito se faz com a sensibilidade marcada pelo álcool, marchamos embora batendo no peito e prometendo eleger Marina a nossa presidenta.

Os amigos que eu tanto considerava naquela noite confesso que nunca mais vi. Nem telefonei ou mandei email. Mas o trato de eleger Marina seguiu forte. E ontem eu me encontrava ali, nos primeiros passos desta história.Tomava agora um açaí na tijela. Nada de cerveja ou derivados. E fazia cara de sério.

Ali estava gente de ONGs (opa, me encaixei nessa categoria que eu odeio porque é dum reducionismo absoluto....), ambientalistas, gestores públicos, militantes da cultura, advogados, cientistas e outros. O Eduardo Rombauer, criador do Movimento, contou de como tudo começou, das confusões geradas no início quando Marina ainda era ministra e essa idéia lhe criava saia justa e de como esse impulso ganhou força, tomou rumo independente do gosto da senadora e foi capaz de atrair o interesse do PV. E por aí se seguiu.

Duas marcas surgiram na fala de Edu: se quer buscar um novo jeito de fazer política e esse processo deve ser pedagógico. Os participantes do encontro lançaram então sugestões do que poderia ser feito e como cada um poderia ajudar. Um pouco de tudo. Eu logo me preocupei. Fiquei reticente em colocar minha ponderação porque tinha dúvidas se eu não entendia nada de "uma nova estrutura de política", com ações descentralizadas, células, independência de núcleos entre outros - e é claro que a campanha do Obama foi mencionada uma infinidade de vezes - ou se minha preocupação era de fato pertinente. Mas levantei a mão e logo disse que acho tudo muito bonito e legal, mas creio que assim é difícil sustentar o movimento. A questão esta relacionada à produção de conteúdo: afinal o que vai ser dito em um passeio no parque, uma volta de bicicleta, uma ação qualquer? Se deixar aberto lindo leve e solto as falas se tornam individuais e não institucionais ou programáticas. Apoio novas idéias, claro, mas pela minha experiência com ongs as palavras bonitas são belas armadilhas. Ou seja, o que significa "um novo jeito de fazer política?" ou um "movimento pedagógico?". Se isso não for recheado de um conteúdo articulado e consistente vai se dissolver no ar. E me calei.

Um pouco de tudo nos comentários que repercutiram minha preocupação. Um pouco de sim, sem dúvida, é algo importante a ser tratado. Mas também uma fala saudável de evitar que isso imobilize todo o movimento. Nem tanto ao céu e nem tanto à terra. Um lugar outro que ainda não sabemos qual é, mas que se quer ir atrás.

Nesta conversa apareceram as instituições que compõe o complexo tabuleiro onde se armará a corrida de Marina para a presidência. Há o movimento, que busca mobilizar a articular interessados, o PV, que dá base institucional, a Campanha, que gerencia a campanha em si e um Instituto, de nome que me escapa mas que tem - claro - sustentabilidade em seu título e é gestado junto às lideranças do ISA (Instituto Socio Ambiental) e que terá o papel de definição do programa. Muitas variáveis. Perguntei se temos risco de crise de identidade no movimento no meio de tanta gente. Juraram que não, que isso esta bem demarcado. Confesso que ainda preciso entender essa arquitetura.

Mas o encontro precisava acabar porque o Café Ekoa tinha limite de horário. Nossa bela e sorridente anfitriã, Maria Barreto do CoCriar, fez uma sintese das idéias apresentadas, cada um pode se filiar a uma ou outra proposta, a boa lista de emails circulou, alguns compraranm camisetas, eu fiqeui só com alguns adesivos e se falou de em breve termos novo encontro.

E assim seguimos. Quem quiser saber mais pode se inscrever no movimento na Internet (http://www.movimentomarinasilva.org.br/), seguir o movimento no twitter (@acaradobrasil), ou seguir este humilde que lhes escreve.

4.3.10

meio parado

é anda mesmo parado este blog.

2.2.10

Om



Mantra que tirei do Blog Tudo de Om, da querida amiga Fernanda.

26.1.10

Pai em vôo solo

Ok, a mãe foi viajar. 10 dias fora de casa. São quatro homens por aqui (6 anos, 4 anos, 2 anos e outro que não conta mais a idade). Nossas regras são outras:

* Pode jantar na televisão;
* Pode jantar pizza com guaraná na televisão;
* O café da manhã é pizza amanhecida com guaraná sem gás. Sem televisão de manhã (também sei ser duro com as crianças);
* Todos os copos devem ser usados antes que nos preocupemos em lavar qualquer coisa. Vamos acabar com o estoque de uns 30 copos plásticos por aqui;
* Pode ver toda a saga de Star Wars, apesar de todos terem ficado com medo do mister vilão no final do episódio 6;
* Ok, estão com medo, podem dormir na cama do pai;
* Pode jogar DS, mas tem que emprestar para o pai que esta cada vez mais fera no Iron Man, já tendo superado a difícil fase 3;

Estas são as constatações do primeiro dia de viagem. Aos poucos vamos preenchendo este espaço com as novas regras que foram feitas. Alias, esta é outra regra, a lá Aleister Crowley numa frase que no Brasil ficou mais conhecida pela música do maluco beleza: faz o que tu queres pois é tudo da lei.

Abraços aos pais. Viva a gente que deixa o mundo muito mais simples para as crianças crescerem e se desenvolverem!

19.1.10

Terremotos

Haiti me fez pensar que passei perto de um terremoto uma vez. Ou ele passou perto de mim. E eu estava isolado do mundo, na India, e quando soube de tudo mandei um email dando sinais de vida ao meu povo. Abaixo a mensagem eletrônica.

Allahabad, 28 de Janeiro de 2001.

... e eu e o teremoto
... e eu na india e o terremoto na india
e a india em mim e terremoto em mim
terremoto? mas quais terromotos?
e...

recebi e mails queridos de pessoas todas maravilhosas e preocupadas e a india chacoalhada.
voces vendo nos jornais
de papel
de radio
de televisao com muitas imagens chocantes
deve ter uma cobertura catastrofe sendo feita pela cnn
e vcs veem a tragedia.

eu em allahabad no kumbh mella.
kumbh mella. kumbh mella. kumbh mellla.
eu nao sabia, eu nao sabia, eu nao sabia e vim
naquela noite lah de sexta feira, quando aqui eh noite e aih eh dia.
e li na internet.

e fiquei completamente chocado, paralisado. e nao entendi mais nada e perdi o sentido das coisas e desacreditei nos deuses que passara o dia acreditando e sendo nutrido pelas milhares e milhares de milhoes de pessoas que chegavam e partiam e vinham se banhar nos encontros dos rios sagrados. ganga. yasmina. saraswati.

e li as noticias nos jornais. e nao entendia o que estava acontecendo. e foi foda. o paradoxo absoluto. daquele meu dia.

eu me perdi e sai daqui chorando e nao sabia o que fazer e decidi ir lah, pra gujarat e ajudar, e nao sabia o que fazer e que direito eu tinha de ficar aqui na minha festa exotica e aquela gente morrendo lah? eu vim para cah para o ultimo banho dos naga sadhus neste kumbh mella, o mais importante dos ultimos 144 anos e o primeiro do novo milenio.

mas li e li que a situacao tava power punk nada e nao tem nada lah e infra zero e ateh um caminhao dos bombeiros abandonou a cidade por falta de infra e pensei em nao ir e decidi nao ir completamente qdo liguei para o escritorio de turismo de gujarat perguntando sobre trabalho voluntario e os caras me deram milhoes de voltas pelo telefone e nao tem infra aqui.

fiquei em allahabad, onde meu dia foi novamente preenchido pelo kumbh mella, pelos velhos, pelas velhas, o aleijado que voltava cruzando a minha rua, os homens as mulheres as criancas os bebes os meninos e as meninas. e hoje na madruga, trupicando em gente, parei na beira do sangham e esperei os naga sadhus que vieram todos e pelados e com cinzas espalhadas pelo corpo e segurando tridentes ou espadas ou montados em cavalos, se dirigiram ao rio.

e depois dos nagha sadhus eu tomei o meu primeiro banho no sangham.

vcs tem visto mais o teremoto que eu. nao tenho tv, meu som soh toca fitas k7 e donde estou nao chega jornal de papel.

conecto-me com as pessoas do terremoto quando penso nelas na beira do rio, perfumado pelo incenso do puja ao lado e iluminado pelas velas que vao e vao flutuando.

amigos, estou bem. kiss.
D.